O que é pick and roll e por que todo time usa
O pick and roll é uma das jogadas mais fundamentais e utilizadas no basquete, presente desde partidas de rua até os jogos profissionais da NBA. Simples na estrutura, mas poderosa na execução, essa tática envolve dois jogadores: um cria o bloqueio (pick) e o outro usa esse bloqueio para se movimentar (roll), gerando diversas possibilidades ofensivas. A eficácia do pick and roll está em sua versatilidade, podendo ser adaptado a diferentes formações, estilos de jogo e tipos de jogadores.
No basquete moderno, essa jogada é praticamente indispensável. Times do mundo inteiro a utilizam como base para construir ataques fluidos, explorar desajustes defensivos e abrir espaço para arremessos ou infiltrações. Seu uso inteligente pode desmontar defesas organizadas e criar oportunidades claras de pontuação.
Neste artigo, vamos explorar o conceito de pick and roll, detalhar como ele funciona, por que é tão eficiente e como cada posição em quadra pode tirar proveito dessa jogada. Se você quer entender como elevar o nível tático do seu jogo ou apenas compreender melhor o basquete, este guia é o ponto de partida ideal.
Como funciona o pick and roll
O pick and roll é executado por dois jogadores: geralmente um armador com a posse de bola e um pivô ou ala-pivô. O jogador sem a bola (o “bloqueador”) se posiciona de forma a bloquear o defensor do companheiro com a posse (o “portador da bola”), criando uma barreira momentânea. Esse bloqueio obriga o defensor a contornar o obstáculo, abrindo uma janela para que o portador da bola avance, arremesse ou passe.
Após o bloqueio, o bloqueador rapidamente se move em direção à cesta (o “roll”), tentando receber a bola em vantagem para finalizar a jogada. Essa movimentação dupla desestrutura a defesa, criando confusão sobre quem deve marcar quem. Se a defesa faz a troca de marcação, pode haver um desajuste físico; se insiste na perseguição, pode abrir espaço para infiltrações.
O segredo da jogada está na leitura do jogo: o portador da bola deve decidir entre atacar, arremessar ou passar. A execução correta depende de timing, posicionamento e comunicação entre os jogadores. É uma jogada simples, mas de alto impacto.
Variações do pick and roll

Embora o conceito básico do pick and roll seja simples, existem diversas variações que tornam a jogada ainda mais imprevisível e eficiente. Entre as mais conhecidas estão:
- Pick and pop: em vez de rolar em direção à cesta após o bloqueio, o jogador se afasta para receber o passe e arremessar de média ou longa distância. É ideal para jogadores altos com bom arremesso.
- Side pick and roll: realizado nas laterais da quadra, força a defesa a trabalhar com menos espaço para cobertura, facilitando penetrações.
- Spain pick and roll: inclui um terceiro jogador que faz um bloqueio nas costas do defensor que cobre o “roll”, confundindo ainda mais a marcação.
Cada variação serve para explorar diferentes características do time e do adversário. Times com pivôs versáteis usam o pick and pop com frequência, enquanto equipes rápidas favorecem o side pick and roll para acelerar o ataque.
Essas variações adicionam camadas táticas à jogada, dificultando a defesa e expandindo as possibilidades ofensivas. Quando bem treinadas, tornam-se ferramentas letais contra qualquer tipo de defesa.
Por que todo time utiliza o pick and roll
A resposta está na eficiência e na versatilidade dessa jogada. O pick and roll permite que uma equipe crie vantagem numérica e desorganize a defesa adversária com poucos passes. É uma forma direta de atacar, especialmente eficaz contra defesas fechadas ou bem posicionadas.
Outra vantagem é que ele pode ser adaptado a qualquer estilo de jogo e tipo de elenco. Desde times com pivôs dominantes até formações com alas móveis, todos podem incorporar o pick and roll de maneira produtiva. Além disso, por ser uma jogada de fácil repetição, permite que os jogadores desenvolvam entrosamento e leitura de jogo com mais rapidez.
O pick and roll também é uma excelente ferramenta para controlar o ritmo da partida, já que permite ataques mais cadenciados e conscientes. Ele pode ser usado tanto em jogadas rápidas de transição quanto em ataques organizados no cinco contra cinco.
Essa ubiquidade se explica também pelo sucesso que grandes estrelas da NBA têm com essa jogada. Jogadores como Chris Paul, LeBron James e Nikola Jokic baseiam boa parte de seu jogo ofensivo em variações do pick and roll, servindo de referência para times ao redor do mundo.
Como a defesa pode neutralizar o pick and roll
Embora o pick and roll seja uma jogada poderosa, existem formas de neutralizá-la com estratégias defensivas bem definidas. A primeira é o “hedge”, quando o defensor do bloqueador sai momentaneamente para impedir o avanço do portador da bola, permitindo que o defensor original se recupere.
Outra abordagem é o “switch”, onde os defensores trocam de marcação. Essa tática é eficaz quando os jogadores têm características físicas e habilidades semelhantes, evitando desvantagens claras. No entanto, pode ser arriscada contra duplas bem entrosadas.
O “drop coverage” é bastante utilizado na NBA: o defensor do bloqueador recua para proteger a área do garrafão, forçando o arremesso de média distância. Essa defesa funciona bem contra armadores que não têm um bom aproveitamento nesse tipo de arremesso.
Por fim, a comunicação é essencial para neutralizar o pick and roll. Sem alertas constantes e posicionamento sincronizado, qualquer defesa estará vulnerável. Times que treinam bem a defesa coletiva conseguem minimizar os efeitos dessa jogada e forçar erros de execução.
O papel do armador no pick and roll
O armador é peça-chave na execução do pick and roll. É ele quem comanda a jogada, decide o momento do bloqueio e escolhe a melhor ação após o pick. Por isso, precisa ter visão de jogo, bom drible, leitura tática e precisão nos passes.
Após o bloqueio, o armador pode optar por:
- Infiltrar para a bandeja,
- Arremessar de média ou longa distância,
- Passar para o bloqueador que faz o roll,
- Acionar outro jogador livre pela movimentação da defesa.
O sucesso da jogada depende da capacidade do armador de ler as reações defensivas. Jogadores com paciência e controle de ritmo conseguem explorar melhor as brechas, punindo a defesa por qualquer erro de posicionamento.
Além disso, armadores experientes costumam variar o ritmo da jogada, usando hesitações e mudanças de direção para criar espaço. Dominar o pick and roll é essencial para qualquer jogador que deseje liderar um time com inteligência e eficiência.
O papel do pivô ou bloqueador

O jogador que faz o bloqueio, geralmente um pivô ou ala-pivô, tem função determinante na qualidade do pick and roll. O bloqueio deve ser firme e bem posicionado, obrigando o defensor a contornar o corpo do bloqueador e abrindo vantagem para o companheiro com a bola.
Após o bloqueio, o jogador deve fazer o roll com velocidade e intenção, cortando para a cesta com as mãos prontas para receber o passe. Essa movimentação precisa ser rápida e coordenada, aproveitando o momento de desorganização defensiva.
Pivôs com bom controle de bola e visão de jogo podem inclusive executar o pick and pop ou servir como distribuidores a partir da cabeça do garrafão. Em ligas profissionais, é comum ver pivôs modernos alternando entre essas funções com grande eficácia.
Além disso, o bloqueador precisa ser inteligente para ler a defesa: se houver troca de marcação, pode explorar um desajuste físico; se o defensor recuar, pode usar o espaço para arremessar. Esse papel exige força física, agilidade e leitura tática refinada.
Exemplos icônicos de pick and roll na NBA
O pick and roll já foi responsável por algumas das duplas mais icônicas da história da NBA. Um dos exemplos mais clássicos é a dupla John Stockton e Karl Malone, que nos anos 90 dominava jogos com execuções perfeitas dessa jogada.
Outro exemplo moderno é a parceria entre Chris Paul e DeAndre Jordan no Los Angeles Clippers. Paul, com sua visão e controle, criava oportunidades constantes para Jordan finalizar com enterradas após o roll.
Atualmente, uma das melhores duplas em pick and roll é formada por Nikola Jokic e Jamal Murray no Denver Nuggets. Jokic, com sua habilidade única como pivô passador, adiciona uma camada extra de complexidade à jogada, podendo também finalizar ou distribuir para outros companheiros.
Esses exemplos mostram que o pick and roll não é apenas uma jogada comum, mas uma arma ofensiva estratégica que, quando bem utilizada, pode definir partidas e construir legados dentro do esporte.
Como treinar o pick and roll em diferentes níveis
Treinar o pick and roll requer foco em fundamentos técnicos e na comunicação entre os jogadores. Em níveis iniciantes, o objetivo é ensinar o conceito básico: posicionamento correto, ângulo do bloqueio e tempo do roll. É essencial que os atletas entendam a importância do timing e da leitura da defesa.
Em níveis intermediários, os treinos devem incluir situações de jogo com defesa real. Simular diferentes coberturas defensivas (switch, drop, hedge) ajuda os jogadores a tomarem decisões mais rápidas. O uso de cronômetro e marcação por tempo melhora a agilidade mental.
Em níveis avançados, o foco está na improvisação e variações da jogada. Inserir o pick and roll em sistemas ofensivos complexos, treinar o pick and pop, envolver um terceiro jogador e trabalhar finalizações sob pressão tornam os treinos mais realistas.
Vídeos de análise e acompanhamento por treinadores experientes também são recursos importantes. A repetição consistente, aliada a feedback imediato, contribui para a evolução tática e técnica da equipe.
Erros comuns ao executar o pick and roll

Mesmo sendo uma jogada simples em conceito, o pick and roll exige precisão e sincronia para ser eficiente. Muitos times e jogadores cometem erros que comprometem seu sucesso, principalmente quando não há entendimento completo dos papéis e do timing.
Um dos erros mais comuns é o bloqueio mal posicionado. Quando o bloqueador não está no ângulo correto ou se move antes do contato, o defensor consegue evitar o bloqueio com facilidade, anulando o objetivo da jogada. Outro erro frequente é a falta de leitura do portador da bola, que pode hesitar ou tomar decisões precipitadas após o bloqueio.
A movimentação lenta após o bloqueio também prejudica a fluidez. O roll deve ser feito com intensidade e objetividade, aproveitando a vantagem criada. Se o jogador demorar para cortar em direção à cesta ou não estiver com as mãos prontas, a oportunidade se perde.
Na defesa, erros incluem falta de comunicação, trocas mal executadas e recuos excessivos, permitindo arremessos livres de média distância. Times que não treinam essas situações acabam sofrendo constantemente com o pick and roll adversário.
Evitar esses erros requer prática, análise de vídeo e correção constante em treinos. Pequenos ajustes na execução e na leitura das jogadas fazem uma grande diferença no aproveitamento da jogada e nos resultados do time como um todo.
Conclusão
O pick and roll é mais do que uma simples jogada: é uma filosofia ofensiva que molda o basquete moderno. A sua eficácia está na simplicidade estrutural combinada com uma enorme variedade de possibilidades táticas. Ao ser bem executado, cria vantagem, desorganiza defesas e aumenta significativamente as chances de pontuação.
Combinando a leitura de jogo, o entrosamento e a execução técnica, essa jogada se adapta a diferentes perfis de jogadores e estilos de equipe. Seja na base ou na elite, o pick and roll permanece como uma das ferramentas mais importantes do arsenal ofensivo.
Compreender como funciona, treinar suas variações e dominar suas nuances permite a qualquer jogador ou treinador elevar o nível de desempenho tático. Por isso, todo time usa o pick and roll — e com razão. Ele continua sendo, década após década, um pilar essencial do jogo coletivo no basquete.
Referências
Para entender melhor a jogada, confira esse vídeo explicativo: